Apesar de termos descolado bem cedo de Lisboa e, tendo em conta que na Suíça o relógio adianta uma hora, já estávamos no final da manhã quando chegámos ao aeroporto de Genebra.
Enquanto seguiamos para o nosso 1º destino do dia, o Ricardo e a Xana foram-nos falando um pouco sobre as curiosidades do país que os acolheu e que hoje também já é um pouco o deles.
Um dos mais ricos países do mundo, com melhor qualidade de vida, composto por 26 cantões e 4 línguas oficiais, famoso pelos seus lagos, chocolates, queijos, relógios, bancos e paisagens de cortar a respiração. Era tudo isto e muito mais que nos esperava, ao vivo e a cores 🙂
Rapidamente chegámos a
Vevey
À beira do Lac Léman e tendo os Alpes como pano de fundo encontrámos esta belíssima e tranquila cidade, inserida na chamada Riviera Suiça.
Para amantes de fotografia como nós, as paisagens são de cortar a respiração, seria apenas o 1º postal de muitos que iríamos ver 🙂
Aqui os hotéis 5 estrelas e os palace debruçam-se sobre o lago, para deleite daqueles que têm uma gorda carteira para pagar uma noite de milhares de euros.
Em frente ao Museu Alimentarium, da mundialmente famosa Nestlé, encontrámos o mais recente símbolo da cidade, um garfo gigante de 8 metros. Esta escultura fez parte de uma exposição temporária para festejar o 10º aniversário do museu, e teve tanto sucesso que os habitantes votaram que ali ficasse permanentemente.
A olhar para o garfo estava o residente mais famoso da cidade, de seu nome Charlie Chaplin, para os amigos apenas Charlot.🙂 O famoso actor escolheu esta charmosa cidade para viver os seus últimos anos de vida.
Neste cenário lindíssimo, aproveitámos para ´piquenicar´ um prato típico Suíço: Bacalhau à Brás e uma bebida também muito típica local: Cerveja Sagres ☺
Agradecimentos merecidos à cozinheira e já bem compostos demos um pequeno passeio à beira do lago e seguimos para o
Museu Charlie Chaplin – Chaplin´s World
Apesar de ser um museu recente, recebeu somente o prémio de melhor museu da Europa em 2018.
Como o próprio nome indicia estávamos prestes a entrar no mundo do famoso e genial comediante, quer na casa onde viveu com a sua família nos seus últimos 25 anos de vida, quer no seu estúdio. A escolha de viver na Suiça foi forçada, após os EUA lhe terem negado o visto de entrada no país, por alegarem que era um perigoso comunista.
Conhecia Chaplin dos seus filmes mudos desde os anos 20, a preto e branco, e quando entrei na sua casa fiquei surpreendido com aquela figura que nos recebia com um sorriso contagiante, de cabelo grisalho e sem o seu bigode característico 🙂 Estávamos portanto prestes a descobrir a pessoa por detrás do artista: Charles Spencer Chaplin.
Mal entramos lemos uma frase que nos apaixonou: ‘You”ll never find rainbows if you’re looking down’.
Começámos por ler uma breve cronologia da sua vida, desde o seu nascimento em Londres, os momentos mais marcantes a nível da sua vida como actor, passando pela sua vida familiar com as suas 4 mulheres e 11 filhos, até aos seus últimos anos na Suíça.
Vamos entrando nas divisões de sua casa, mobilada com vários móveis originais e visualizando pequenos filmes relatando a sua vida pessoal. Vemos a biblioteca onde trabalhava, a sala de estar com o piano onde compunha, a sala de jantar com uma enorme mesa, o seu quarto e da sua esposa Oona. Foi a sua última e grande paixão, foram casados durante 35 anos e tiveram 8 filhos! 😀
Vemos filmes gravados naqueles mesmos espaços onde hoje pisávamos, nos quais ele brincava com a sua mulher, os seus filhos e sentimos uma afinidade difícil de explicar com aquele homem tão humano, tão divertido, doce e meigo para com a sua família.
Aquele enorme jardim verde, com vista para os Alpes era realmente idílico e facilmente se percebe o porquê de ter escolhido viver na Manoir de Ban até ao fim dos seus dias.
Saímos da sua casa e dirigimo-nos para outra parte do museu, os estúdios, onde podemos recordar a sua faceta mais conhecida, como actor, director, guionista e compositor.
Entramos na sala de cinema e assistimos a pequenos excertos dos seus filmes. Quando termina o ecrã abre-se e entramos no admirável mundo dos cenários dos seus filmes.
Estão feitos com uma perfeição e gosto incríveis. De repente parece que recuamos muitas décadas atrás e somos nós as personagens dos seus filmes.
Os cenários de filmes como O Vagabundo, Luzes da ribalta, O Grande Ditador ou Tempos modernos estão ali representados e por ali ficámos algum tempo a ´brincar´ 🙂
Se passarem por Vevey guardem pelo menos 2 horinhas para conhecerem este extraordinário museu e conhecer um pouco mais deste génio que foi Charlie Chaplin 🙂
Museu bem organizado, dinâmico, informativo e divertido. Absolutamente imperdível!
Dissémos adeus ao Charlot e rumámos para
Montreux
Tal como Vevey, é uma cidade lindíssima junto ao Lago Léman, mundialmente famosa pelo seu festival de jazz.
Montreux é bem mais movimentada e turística do que Vevey, cheia de vida, com uma vibração que gostámos muito.
Por aqui passeámos junto ao lago, onde encontrámos o mais famoso habitante da cidade, o animal de palco Freddie Mercury, que se apaixonou por esta pequena cidade Suiça.
Continuámos a passear até chegarmos ao Casino de Montreux, entrámos, e finalmente tinha chegado a nossa hora de sorte! Hora de apostar todos os nossos francos suíços e esperar que a sorte estivesse connosco mas…não! Brincadeirinha, o jogo não é bem a nossa onda, entrámos mesmo no casino para visitar o
Queen Experience
Para fugir à vida louca de Londres, os Queen decidiram vir para a Suíça, mais precisamente para Montreux gravar o seu 7º álbum no Mountain Studios. Gostaram tanto e a coisa correu tão bem que decidiram anos mais tarde adquirir o estúdio, sendo aqui o seu refúgio.
Apesar do espaço ser exíguo, podemos ler a cronologia da banda desde que começaram a gravar aqui os seus álbuns até ao final da sua existência como banda com Freddie, o Made in Heaven.
No mesmo local onde era o estúdio de mistura podemos ouvir algumas das suas músicas, brincar um bocadinho com as suas faixas na mesa de mistura, e ser DJ por alguns minutos 🙂
Como diria o Freddie Mercury: Show must go! E no nosso programa de festas ainda faltava a visita a um último local, o
Castelo de Chillon
Em Montreux encontramos talvez o castelo mais bonito que já vimos até hoje.
Sempre com o lago e os Alpes como pano de fundo, este castelo do século XII, que foi construído sobre um rochedo, parece ter saído de um conto de fadas.
Provavelmente o castelo mais famoso da Suíça que pertenceu aos Condes de Saboya, tendo sido um importante ponto estratégico para as rotas comerciais, uma loja de armas e outrora uma prisão, hoje é o monumento mais visitado do País.
O castelo ficou imortalizado pelo famoso poeta inglês Lord Byron no poema O Prisioneiro de Chillon. Diz-se até que uns rabiscos com umas iniciais foram feitos pelo próprio Lord Byron num dos pilares góticos.
Devido à proximidade do encerramento pudemos explorar o castelo sem praticamente ninguém a visitá-lo, o que foi de facto uma sorte.
É realmente muito bonito, bem preservado e com paisagens de cortar a respiração.
O sol já ia baixo e tinha chegado a altura de rumarmos até ao local da derradeira aventura do dia, ou melhor, da noite..
Aventure sur la paille
Quando a Xana há uns meses nos pergunta, o que dizem a dormir uma noite na palha?
Como somos meninos de aceitar um bom desafio dissemos logo que sim, sem pensar muito nas consequências. Quando nos disse que o preço era 15CHF por casal com pequeno almoço já fiquei mais apreensivo, era como dormir em Portugal por 5€ com pequeno almoço, isso não existe certo? Será que tinhamos que tratar dos animais da quinta e eles ‘ofereciam-nos’ a noite? 😆 Não sabíamos…
Chegámos ao Ranch des Maragnenes, em Sion, portanto com alguma expectativa. É uma quinta onde vive uma família e onde os muitos cavalos são a atracção principal, já que os donos fazem passeios na zona a cavalo.
Mas para já o que queríamos mesmo era conhecer o estábulo onde iríamos dormir (ou não). Como temiamos o pior, o pequeno “quarto” dos fundos que nos estava reservado até nos surpreendeu pela positiva. Um open space por cima com muita palhinha e outro por baixo também repleto de palha. Para quem não tivesse coragem de dormir ´em palhas deitado, em palhas estendido´ existiam também uns beliches 🙂
Respirámos um pouco de alívio por já termos visto a nossa suite para esta noite e como a fome já apertava fomos ali pertinho a uma pizzaria encher a barriguinha. Ficámos satisfeitos e parafraseando os Suíços a um preço ´correcto e justo´.
Estávamos ´ansiosos´ por ir para a palha, mas antes ainda fomos dar um olhinho aos castelos que tinhamos visto do alto no nosso rancho.
Chegara o momento da verdade, o momento de testar a fofura e o conforto dos nossos aposentos…
Por sorte os nossos anfitriões não brincam em serviço, e tinham vindo artilhados de sacos-cama e almofadas. Passados poucos minutos a Xana tinha-nos feito uma bela caminha sobre as palhas 🙂
Fomos duros e todos sem excepção dormimos na palha. Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Qual menino Jesus enrosquei-me e adormeci, pensando no quão fantástico tinha sido o nosso 1º dia 🙂
Para ler o 2º dia, clique aqui.