2ºDia

– Amor…

– …Hummm

– Que horas são?

– …7h30…

E sai-me um… vernáculo! O despertador não tinha tocado e tínhamos dormido uma hora a mais do que o previsto. Em contrarrelógio foi só tempo de tomar um banho rápido, vestir, apreciar a espectacular vista do nosso quarto sobre o Palácio Güell , fazer o check out, guardar as malas, levar um saquinho com o pequeno-almoço e em menos de 30min estávamos cá fora! Ufff44067951_2004898476238100_129391958580789248_n

No entanto, tínhamos a consciência que teríamos que abdicar de pelo menos de um local para o roteiro deste dia, à conta do despertador não ter tocado.

Com o raiar do sol partimos via metro e bus rumo ao nosso 1º destino do dia:

Parc Güell

O parque Güell é um enorme parque urbano, encomenda feita pelo grande mecenas, empresário e amigo de Gaudi, Eusébio Güell.

A ideia inicial seria construir uma grande urbanização, tirando partido da magnífica vista sobre a cidade, no entanto o projecto revelou-se um flop e foi posteriormente vendido ao município de Barcelona que a inaugurou como parque público.

 Apesar de antecipadamente já termos decidido não visitar a parte paga devido às imensas obras que se estão a realizar, passeámos nas zonas gratuitas e é de facto um parque único, não fosse ele obra de Gaudi 🙂

No parque podemos encontrar a casa onde Gaudi viveu durante quase 20 anos, hoje transformado em casa-museu.

Sempre a subir seguimos agora para…

Bunkers del carmel

Ou Tiró de Lá Rovira, e deu para transpirar, e bem 😁

Chegados lá a cima, a 262m de altura, recuperámos o fôlego enquanto disfrutávamos de uma das mais fantásticas vistas sobre a cidade a 360 graus, tal como já tinha acontecido no dia anterior em Montjuic.

Durante a guerra civil espanhola foi neste local que foram colocadas as baterias anti aéreas, para tentar impedir que os aviões do ditador Franco bombardeassem a cidade. Aqui encontramos um breve museu descritivo desta época e da história dessa zona da cidade.

Seguimos agora sempre a descer até ao…

Recinto modernista de Sant Pau,

que não encontramos em todos os roteiros turísticos, injustamente diria eu.

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Uma dica importante, para quem é professor, não se esqueça de levar o cartão de professor já que não paga a entrada e audioguia, a Marta teve portanto direito a borla 😀

O audioguia é fantástico e prende-nos do início até ao fim na explicação dos mais diversos edifícios que compõem o recinto.

O recinto não era mais nem menos do que um sonho de um homem, Pau Gil, um rico banqueiro que no seu testamento fez saber que com a sua fortuna fizessem duas coisas: liquidassem as suas dívidas e o remanescente seria para a criação de um hospital para os mais pobres.

Mas não um hospital qualquer, um hospital futurista, uma cidade jardim, onde cada doente tivesse no mínimo X m2 para poder passear, no fundo viver como se estivesse em sua casa e não se entregar à doença. Quem vê por dentro e por fora o complexo a última coisa que pensaria, se não soubesse, é que estava num hospital.

Ficámos fascinados com os seus nobres objectivos, a sua filosofia e arquitectura. Temos a oportunidade de visitar diversos edifícios, tendo ficados fascinados com a sala de operações com vista aberta para os jardins, com os túneis subterrâneos do complexo e no final o edifício da Administração.

44168517_2004906849570596_1554229590749085696_nPor aqui ficámos bem mais tempo do que pensámos inicialmente, sendo que o nosso próximo destino que seria o Parc del Laberint d´Horta, teriamos que riscar do plano. Seguimos então via metro e depois bus para o nosso próximo destino:

Tibidabo

No entanto a fraqueza apoderou se de nós e fomos almoçar junto ao funicular que nos ia levar até ao topo de Barcelona.

Um restaurante com um terraço, Mirablau, com uma vista fantástica sobre a cidade. Degustámos uns calamares e choquinhos fritos com batatas bravas e umas damm fresquinhas. Estava tudo óptimo e serviço rápido conforme desejávamos. Recomendamos!

Já de barriguinha cheia apanhámos o funicular que nos levou a Tibidabo.

Sempre a subir a subir,  chegámos aos céus de Barcelona, onde encontrámos em grande destaque o templo expiatório do sagrado coração, com o seu cristo rei de braços abertos a abençoar a cidade.

 Quando falaram que ali iam construir um casino, uns católicos endinheirados decidiram construir este magnífico templo no ponto mais alto de Barcelona. A cripta do templo é lindíssima.

Ao seu redor está um giríssimo parque de diversões, o mais antigo de Espanha e o 2º mais antigo da Europa. Apesar de não termos comprado a entrada para as diversões, por aqui ficámos entretidos a ver os miúdos e graúdos a divertirem-se enquanto comíamos uns deliciosos churros. Amámos a beleza do local e a sua vida, certamente em breve voltaremos com os meninos e aqui passaremos uma tarde inteira e andar em todas as diversões do parque.

Infelizmente só não encontrei a belíssima Scarlet Johasson para a cumprimentar, para quem viu o filme Vicky Cristina Barcelona sabe do que estou a falar 🙂

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A verdade é que não demos pelo tempo passar e o nosso próximo destino seria o Caixa Forum, um projecto cultural e social do Banco La Caixa, instalado numa antiga fábrica têxtil. Decidimos acabar por não ir, já era tarde e entrada por saída não faria sentido.

Neste cenário lindíssimo de Tibidabo, tínhamos decidido que em breve voltaríamos a Barcelona com a nossa prole, juntaríamos nessa altura num dia cheio os jardim do labirinto de Horta que não tínhamos ido nesse dia, a la caixa e fecharíamos com chave de ouro no parque de diversões de Tibidabo, seria um dia em cheio para passar com eles. E aí também gostaríamos de ir a Montserrat, que acabámos por não conseguir encaixar neste nosso roteiro.

No entanto, ainda não tinhamos acabado o dia. Deixaríamos para o final uma obra de arte, melhor: dizendo a obra de arte, que é a inadjectivável, a

Sagrada Família,

do génio António Gaudi ☺

Descemos o funicular de Tibidabo e após apanhar o bus e metro, olhámos para cima e lá estava ela! Várias vezes a tinhamos visto, mais longe, mais perto, no cimo daquele miradouro ou no fim duma enorme avenida, mas agora finalmente tinha chegado o momento de a contemplar bem de perto.

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Na nossa opinião é somente o monumento mais fabuloso, por fora e também por dentro. Por aqui passeámos mais de uma hora, num e noutro jardim que a circunda e pudemos deleitarmo-nos com todos os seus pormenores. Tinhamos reservado pela net previamente e chegava finalmente a nossa altura de entrar, sendo que o audioguia, tal como em todos os sítios que visitámos anteriormente se torna imprescindível para conhecer e ver com outros olhos a história e a obra da catedral. E pela 1ª vez na cidade um audioguia em Português 🙂

O templo expiatório da Sagrada Familia foi começada a construir em 1882 e irá ficar finalizada em 2026 , ano em que se comemora os 100 anos da morte de Gaudi.

Não sabíamos mas ficámos a saber que Gaudi teve uma daquelas mortes parvas, num atropelamento de elétrico…como é possível um génio ter morrido de um atropelamento de elétrico? Ninguém acorreu a ajudá-lo, confundindo-o com um mendigo, devido às suas vestes sempre despretenciosas…

Inicialmente a visita começa na fachada da Natividade, praticamente terminada por Gaudi em vida, alertando-nos para todos os seus pormenores deliciosos, em que destaco a Árvore da vida.

Chegava o momento de entrar e normalmente a beleza morre no exterior, no entanto na Sagrada Família a maravilha continua… as abóbodas, a arquitectura e principalmente na nossa opinião os vitrais, onde com os raios do início da manhã e do final da tarde faz que fiquemos embevecidos a apreciar aquele jogo de cores espelhados nos tectos e paredes na igreja, tudo estudado ao ínfimo pormenor.

Depois da visita da igreja pudemos descer ao museu, na cave do edifício onde antigamente se situavam as oficinas.  Aqui se conta cronologicamente e de forma detalhada a construção da igreja, planos e maquete de Gaudi até chegar ao projecto final, um filme onde vimos como irá ficar daqui a 10 anos. Se hoje já está espectacular, vai ficar ainda mais sublime. Por fim pudemos espreitar o local da tumba de Gaudi, que pediu expressamente para ficar sepultado nesta obra da sua vida.

É impossível sair indiferente depois de ver a Sagrada Família, nós ficámos completamente rendidos e apaixonados por esta obra bem como todas as que vimos de Gaudi. Era muito mais do que um excelente arquitecto, era um verdadeiro génio.

O sol já se despedia quando deixámos a Sagrada Família para trás, apanhámos o metro rumo à já nossa conhecida praça da Catalunha, para assistir ao espectáculo da

Fonte mágica

Um espetáculo de luz e som, sobre a fonte que inicia com a incontornável música ´’Barcelona’ do grande Freddy Mercury e Montserrat Caballét, que em 1992 neste mesmo espaço cantaram a música inaugurando aquando dos jogos olímpicos na cidade. Foi esta a última aparição pública de Freddy Mercury.

O jogo de luzes e de jatos da fonte começara, e com o Barcelona em fundo foi muito emocionante. Mal imaginávamos que neste mesmo dia tinha falecido a grande cantora de ópera catalã Montserrat Caballét no hospital, junto ao recinto modernista onde tinhamos estado esta manhã.

O espectáculo continua com músicas mais actuais, e deu para mexer os pés um pouco e apanhar um pequeno banho com os jatos da fonte ☺É incrível os muitos milhares de pessoas que se juntam aqui aquando do espectáculo na Fonte Mágica!

Finalizado o espetáculo a fome já apertava e seguimos de imediato até ao restaurante Bodega Vasconia, no entanto o dono de uma forma pouco simpática disse-nos que já nos ia matar a fome, portanto os 2 restaurantes que tínhamos escolhido previamente para esta viagem, não experimentámos nenhum 😆. Quase 23hrs e já estávamos a contar comer numa fast food qualquer 😆

Última e derradeira tentativa: no dia anterior quando fomos comer uns churros com chocolate, vimos um restaurante cheio e com muito bom aspecto, o Petit Ramblero. Tendo em conta a hora tardia, seria uma sorte servirem-nos jantar, no entanto muito simpaticamente disponibilizaram-se a receber-nos. Tinhamos o restaurante literalmente todo para nós e mandámos vir uma paella que estava somente divinal! Fechámos então da melhor forma a nível gastronómico a visita à cidade.

Quando o avião descolou a chuva começou a cair, seria certamente Barcelona a chorar o nosso regresso a Lisboa 😆

No entanto, está prometido para breve uma nova visita à cidade, desta vez a 4 para fazer ‘o que ainda não foi feito’!

Ficámos absolutamente rendidos e apaixonados por Barcelona e pela obra do génio António Gaudi ☺