4º Dia – Casa de Anne Frank

Para não ficarmos com demasiadas saudades de Amesterdão o São Pedro lá do sítio acabou por nos brindar, para a despedida, com uma autêntica manhã de Inverno, com tudo o que tinhamos direito, ie, chuva, vento e frio 🙂

Após um pequeno almoço 5 estrelas como sempre, rumámos de tram para Westermarkt, onde nos aguardava uma longa fila de duas horas até entrarmos na casa / museu Anne Frank. Basta dizer que a casa recebe mais de um milhão de visitantes por ano.

Hoje em dia já só é possivel quase exclusivamente a entrada com marcação  prévia on-line, evitando desta forma as longas filas de espera. Nós ainda tentámos previamente comprar on line mas infelizmente nunca conseguimos para as datas que iríamos estar na cidade.

Apesar de já terem passado quase dois anos, ainda nos lembramos como se fosse hoje da intempérie que passámos na fila, mas como se costuma dizer, quem corre por gosto… 🙂

Foi para a cidade de Amesterdão, que a família Frank imigrou no início dos anos 40 da Alemanha, mais precisamente de Frankfurt. Na festa de aniversário da filha Anne foi-lhe oferecido um diário, que anos mais tarde se tornaria mundialmente famoso.

Com a ascenção da Alemanha nazi e da sua posterior invasão à Holanda, só restava aos judeus duas opções para escaparem aos campos de extermínio: ou fugiam ou escondiam-se. Não conseguindo fugir para o Reino Unido ou para os Estados Unidos em tempo útil, só restou a última opção para a família Frank.

O esconderijo situava-se num anexo secreto atrás da empresa do pai de Anne, junto ao famoso e charmoso bairro de Joordan. E era exactamente esta casa que estávamos prestes a visitar. Um esconderijo com espaço exíguo, sem contacto com o mundo exterior e pelo menos durante o dia teriam que se abster de fazer qualquer tipo de barulho de modo a que ninguém desconfiasse da sua presença.

Aqui viveram mais de dois anos, com a preciosa e fundamental ajuda de alguns dos colaboradores da empresa, até ao momento em que houve uma denúncia e foram deportados para os campos de concentração. Dos 8 moradores do anexo secreto apenas o pai de Anne, Otto, sobreviveu para contar a história e publicar o diário da sua filha.

“…algum dia esta horrível guerra terá terminado, algum dia voltaremos a ser pessoas e não apenas judeus…”

Tendo em conta que já na juventude tinhamos lido o seu diário, e já nessa altura nos tinha tocado e marcado de uma forma indelével, era com enorme expectativa que entrávamos para visitar a casa de Anne Frank.

Máquinas fotográficas não são permitidas e as poucas fotos que iremos postar sobre a visita à casa não são nossas mas sim retiradas da net.

Após deixarmos os nossos pertences nos cacifos, fomos buscar um guia em Português que nos iria ajudar no percurso e subimos as escadas que levavam até à empresa de Otto Frank.

Aqui vimos uma maquete do esconderijo, este mobilado, pois as divisões que iríamos visitar não estavam, já que foram esvaziados pelos nazis e mais tarde foi opção do pai de Anne deixar tudo exactamente como ficou. Ficámos a saber um pouco mais sobre a empresa, o anexo secreto e o ambiente de guerra que se vivia na época.

Após andarmos um pouco mais vimos ao fundo a famosa estante giratória, que separava a fábrica do anexo que o mantinha secreto. E neste momento não nos pudemos deixar de emocionar, com as memórias do diário bem vivas, e pensar como 8 pessoas ficaram privadas de liberdade durante tanto tempo.

A escada pequena e íngreme levou-nos ao esconderijo, onde janelas escurecidas e um silêncio absoluto, não revelavam que duas famílias ali viviam.

Passámos primeiro pelo quarto dos seus pais e de Margot e de seguida chegámos ao quarto de Anne, onde persistem em todas as suas paredes os posters e recortes que colava dos seus artistas favoritos, e encontrámos também o seu diário original.

Depois visitámos a WC – foco de tensão como é de imaginar com 8 pessoas -, pelo quarto dos Van Pels que também era a cozinha e sala de estar.

A visita terminou no quarto de Peter, no sotão, que pudemos subir as escadas mas infelizmente não pudemos entrar, somente espreitar.

Após a visita à casa descemos para um edifício contíguo, onde encontrámos uma exposição sobre a famosa e trágica história vivida pelos Frank e numa pequena sala de cinema pudemos assistir a diversos documentários / entrevistas a diversas personalidades mundialmente conhecidas e efectivamente as mais tocantes dos amigos de Anne Frank e família.

É realmente um local que recomendamos,  imperdível em Amesterdão, especialmente, para quem já leu o seu diário e se interessa pelo tema 2ª Guerra Mundial e pelos horrores nazis neste periodo negro da nossa história.

Após terminarmos a visita à casa de Anne Frank, fomos dar um passeio pelas famosas ruas do bairro de Joordan e comer a não menos famosa tarte na Winkel 43 , provavelmente a melhor tarte de Amesterdão e do mundo 🙂 Absolutamente divinal!

Tinha chegado a hora da despedida de Amesterdão. Como comecei por referir não era uma das cidades de 1ª escolha, no entanto foi das cidades europeias que definitivamente mais nos surpreendeu e que gostámos de conhecer.

Voltaremos certamente um dia! 🙂