Nunca tinhamos viajado tão para leste no mapa europeu e com praticamente um ano de antecedência, aproveitando o feriado de 1 de Novembro, comprámos a viagem para Budapeste, a Pérola do Danúbio, um destino que já há muito andávamos a “namorar”.
As expectativas eram elevadas relativamente à capital da Hungria, no entanto foram e muito superadas!
Íamos reticentes com a gastronomia e a já famosa frieza dos locais, o que connosco não se veio a verificar. A comida era excelente e os locais, apesar de não serem especialmente calorosos, também não eram de todos antipáticos. Na nossa terra natal, Lisboa, já enfrentámos bem mais rudeza…portanto frio só mesmo a temperatura! 😊
Aqui vão algumas dicas que vos podem ser úteis na imperdível Budapeste 🙂
Budapeste
– Moeda: Florim Húngaro (HUF), com um câmbio actual em que 1 Euro equivale a sensivelmente 330 Florins. As contas são relativamente fáceis de fazer, por cada 1000 florins corresponde a 3Eur.
Na realidade lidámos pouco com a sua moeda física, desde há quase um ano que usamos nas nossas viagens o fantástico cartão revolut e em 99% o usámos para as mais diversas compras, o restante 1% levantámos com o cartão em ATMs pertencentes a bancos, pois não tem qualquer taxa de levantamento.
– Voltagem: Não é necessário levar adaptador.
– Cartão SIM: Estando na zona euro, usamos uma qualquer rede húngara, dentro do plano de voz e dados que temos em Portugal.
– Transfer para o hotel: Optámos pela opção mais rápida e barata que é apanhar a camioneta 100E no aeroporto para o centro, por 900HUF e em menos de meia hora chegámos ao centro da cidade e vice versa.
Junto à paragem encontrámos umas máquinas roxas de venda de bilhetes automática e comprámos logo ida e volta.
– Meio de transporte na cidade: Ficámos surpreendidos com a qualidade, quantidade e rapidez dos transportes no centro da cidade que dão dez a zero aos transportes em Lisboa. Apesar de termos andando muitos e muitos kms a pé, andámos também de camioneta, tram e no velhinho mas muito charmoso metro da cidade 🙂
Optámos por comprar um conjunto de 10 bilhetes (nas mesmas máquinas automáticas roxas) que podíamos usar em todos os transportes públicos e que fomos usando, conforme a necessidade e o cansaço das pernas, durante os três dias que passámos em Budapeste.
Dica: Tirar a app BKK Futar, dos transportes públicos da cidade, é excelente.
– Onde ficar: Óptámos por ficar o mais no centro possível, no 12 Rivay Budapest Hotel, junto à Basílica de Santo Estevão e à Ópera.
À luz do custo de vida de Budapeste foi um pouco caro já que só reservámos um pouco em cima da hora, a TAP chegou a cancelar o voo e só pouco tempo antes da partida tivemos realmente a certeza que iríamos levantar voo.
Pelo mesmo preço poderíamos ter optado por pernoitar no famoso Hotel Gellert, ficará, quem sabe, para uma próxima visita à cidade.
– O que comer: Este é um item que muito nos apraz 😊 Não íamos com especial fé porque nos tinham dito que a comida local não era lá grande coisa, no entanto como os gostos não se discutem iríamos tirar a prova dos nove por nós mesmos, com uma selecção de restaurantes já previamente escolhidos ou reservados.
A verdade é que em todos os restaurantes onde fomos optámos sempre por comida local, que simplesmente adorámos! Aqui referimos os que gostámos mais:
– Retek Bisztró. Conforme escrevi nas cartas, eles adoram a palavra Biztró e há um em todas as esquinas, qual restaurante qual quê, Biztró é que está in. É como aqui em Portugal, já não há cozinheiros, só há chefs 😉
Mal entrámos neste pequeno e aconchegante restaurante parece que recuámos no tempo e entrámos na cozinha da nossa avó, a decoração está absolutamente fantástica. A simpatia dos donos conquistaram-nos de imediato e fizeram-nos sentir em casa. Por fim a comida caseira e deliciosa não nos decepcionaram, tudo 5estrelas! Dica: A reserva com pelo menos uma semana de antecedência é fundamental.
– Kisharang Restaurant. Esta foi a primeira experiência gastronómica na cidade e começámos com o pé direito. Para acompanhar a cerveja local escolhemos uma sopa goulash e um chicken paprikash com o melhor gnocchi que comemos na cidade, fiquei fã. Tal como no Retez Bisztró finalizámos com a sobremesa mais famosa Húngara, o somlói sponge cake, e para ajudar a fazer a digestão a famosa Pálinka, só dois dedinhos para partilhar porque é ´fortito´😊 Por cerca de 20EUR saímos a rebolar!
– Halkakas halbisztró. Para fugir um pouco à carne, aqui está um excelente restaurante de peixe que adorámos. O espaço está muito giro, serviço rápido e comida surpreendente, muito bom.
– Regós Restaurant. Numa cave encontrámos este pitoresco restaurante. Parece aquele típico restaurante onde domingo vamos almoçar com a família 😊 A carta é extensa e foi com dificuldade que optámos por um paprikash de vitela e para mim um prato também de vitela, tudo muito saboroso e farto!
Não esquecer que sempre a acompanhar os pratos de carne temos pão com fartura e os belos dos enchidos que nos fazem regressar às origens 😊
Aqui mais uma vez saímos a rebolar!
Resumindo e concluindo, não houve nenhum restaurante onde pudéssemos dizer que não gostámos muito do comer ou gostámos assim assim, talvez tenhamos tido sorte ou então temos um palato de trato fácil 😊
– O que fazer/visitar: Budapeste é uma capital europeia lindíssima, de arquitectura imponente, com o famoso Danúbio a separar Buda e Peste e o que não falta são coisas para fazer.
Vamos dizer algumas coisas que fizemos e aquilo que não fizemos mas gostávamos de ter feito 😉
– Banhos. Ir a Budapeste e não ir aos banhos termais é como ir a Roma e não ver o Papa, bom, nós fomos a Roma e não vimos o Papa 😉
Budapeste é a cidade com mais fontes termais do mundo e tendo nós três dias para conhecer a cidade, dedicámos a cada dia um banho termal diferente, de modo a garantir a nossa saúde para os próximos tempos 😊 Foram estes os três que escolhemos visitar e que mais gostámos, por esta ordem:
1º – Termas Gellert – No lado de Buda, junto ao rio Dánúbio, e dentro do famoso hotel Gellert, encontramos as termas que mais gostámos de conhecer. Com seis piscinas interiores, a maior e mais conhecida é a da nave principal, de água fria, para dar umas braçadas e as restantes cinco de água morna a quase a ferver, entre 35º e 40º e pequenas piscinas de água fria para fazer o choque térmico, do qual a Marta é profissional 😊
No exterior encontrámos uma enorme piscina de ondas sazonal, que se encontra fechada nesta altura do ano, e outra com água quentinha junto à sauna, que adorámos!
O facto do edifício ser lindíssimo e de ter poucas pessoas fez valer a nossa escolha.
2º – Rudas Baths – Foram os primeiros banhos da cidade e também adorámos! Não muito distante das Termas Gellert, também em Buda, encontrámos este legado do império Otomano do séc. XVI.
Nesta parte mais antiga encontramos no centro uma enorme piscina, e depois nas laterais várias piscinas de água quente, sendo a mais bonita a que tem uma cúpula tradicional turca, onde praticamente às escuras o corpo pede relaxamento total e fizemos-lhe a vontade😊
Depois noutra ala encontramos a parte mais recente dos banhos que é a zona de spa, também com várias piscinas e a mais fantástica no rooftop, onde temos uma vista espectacular sobre a cidade, imperdível!
3º- Banhos termais Széchényi. O maior e mais famoso da cidade, não poderíamos portanto deixar de conhecer.
As piscinas exteriores são enormes, rodeadas pelo enorme e belíssimo edifício dos banhos. Nas suas laterais as piscinas são de água quente, sendo que a nossa preferida é aquela onde parece que estamos num carrossel. Na outra a temperatura da água é ainda mais quente e podemos ver in loco alguns locais a jogar xadrez de molho 😊 O ponto negativo foi mesmo o número de pessoas a frequentar o espaço e as várias piscinas interiores, quando comparadas com os outros banhos que tínhamos visitado, deixam um pouco a desejar.
No entanto também gostámos de conhecer o Széchényi.
Dicas para os banhos: Levar calcões / fato de banho, toalha, chinelos toca de natação (caso queiram fazer), se possível ir logo bem cedo para evitar as multidões e acima de tudo estejam preparados para passar umas horas de muito tranquilidade e relaxamento 😊
– Parlamento de Budapeste. Um dos cartões-postal da cidade que efectivamente merece uma visita. Reservámos antecipadamente no site a visita guiada em Inglês e foi um dos pontos altos da nossa viagem. O preço é menos de 10Eur e a visita dura cerca de 45min.
Se a parte exterior é lindíssima e imponente, o seu interior não é menos rico, ornamentada a ouro e meio milhão de pedras preciosas!
Os pontos altos da visita passam pelo salão do plenário e a sala onde se encontram as estátuas de todos os antigos monarcas húngaros e as joias da coroa do país, onde assistimos ao render da guarda.
Outro dos pontos altos da visita foi o nosso guia, tal como referi na carta, uma mistura de mafioso de leste, com pugilista já que tinha o olho negro de uma rixa (julgo eu) e actor de filme alternativos. Era extremamente engraçado e fez da visita um momento único, num local único também 😊
– Bastião dos Pescadores. Outro cartão-postal da cidade, e muito justamente, situa-se lá bem no cima do lado de Buda.
Podemos lá chegar a pé (e a nossa saúde agrade), de uma forma mais bonita e romântica via funicular ou de uma forma mais prática de camioneta. Nós fomos lá por duas vezes e optámos pelas duas primeiras.
Onde outrora era um mercado e um bairro de pescadores hoje é um dos mais famosos miradouros da cidade. Do bastião temos uma das mais belas paisagens sobre o Danúbio e sobre o lado Peste da cidade, completamente imperdível se passarem pela cidade, de preferência bem cedo para evitar as hordes de turistas 😊
Se a cidade ainda não vos tiver conquistado, aqui vão ser arrebatados!
– Igreja de São Matias – Mesmo junto ao Bastião encontrámos esta igreja lindíssima, talvez a mais bonita que já visitámos até hoje, que merece sem dúvida uma visita
– Basílica de Santo Estevão – Ao contrário da Igreja de São Matias, a Basílica de Santo Estevão é bonita e imponente por fora e perfeitamente banal por dentro.
Na entrada da Basílica comprem o bilhete para subir à torre e terão uma soberba vista, desta vez do lado de Peste para Buda 🙂
– Hospital in the rock – Onde outrora foi um bunker hospitalar, durante a II G.M. e um bunker nuclear durante a guerra fria, hoje é um museu.
Um museu incrível e imperdível que fica a 8 metros debaixo da terra, debaixo do antigo castelo de Buda. Se forem façam uma visita guiada, que vale muito a pena. Dica: Se forem professores a visita é gratuita.
– Labirinto do Castelo de Buda – Estão a ver aquele jogo onde temos de encontrar a saída com uma caneta? Pois é mais ou menos isso! Com mais de 1Km de comprimento é fácil perdermo-nos nestas grutas subterrâneas criadas pela natureza. Se não gostar de locais escuros ou sofra de claustrofobia pode esquecer a visita 😉
– Cruzeiro – Estando em Budapeste lá fomos nós fazer o típico passeio de barco à noite para ver à noite os principais monumentos iluminados da cidade, valeu por isso e pela música húngara tocada no barco. Se fosse apenas de uma hora teria sido perfeito 😊
– Ópera – Quem leu a nossa carta já sabe da nossa aventura para ir ver a ópera em casa emprestada. Efectivamente a famosa Casa da Ópera da cidade está em remodelações, durante o dia é possível uma visita, no entanto o auditório que é o ex-libris não é possível visitar.
– Szimpla Bar – O ruin pub mais famoso da cidade, num estilo mais underground, fazendo-nos recordar a nossa passagem por Berlim. À noite não conseguimos entrar tal era a loucura de gente, fomos durante o dia dar um olhinho a este original bar, com uma sui generis decoração, numa zona de prédios em ruinas da cidade
– Museu Nacional da Hungria – Se tiverem curiosidade em conhecer um pouco mais da história do país este é o sítio certo. Desde a sua génese enquanto nação até ao final do séc. XX e de uma forma muito bem organizada. Dica: fomos domingo de manhã e foi gratuito.
O que queríamos ter feito e ou por estar fechado ou por falta de tempo não fizemos: Grande mercado, igreja na gruta, Citadella e Parque Memento. Para uma próxima, “vamos fazer o que ainda não foi feito” 🙂
Estas são apenas algumas dicas para fazer e visitar, que é sempre muito subjectivo porque depende sempre dos interesses e gostos de cada um.
Umas das coisas que guardamos na memória, tendo em conta que chegámos ainda de noite, foi descobrir a cidade quase deserta ao amanhecer. Passear junto ao rio Danúbio e atravessar a pé a famosa ponte das correntes, tranquilamente, só nós os dois…
É esta a imagem que levamos cá dentro, da incrível cidade de Budapeste 😊