Siem Reap

Estava a chegar um dos momentos mais ansiados da nossa viagem, conhecer Angkor Wat. Um dos nossos grandes sonhos da civilização antiga, a par de Chi Chen Itza ou Macho Pichu. Considerado o maior complexo religioso jamais construído, sendo o expoente máximo da arquitectura do império khmer e ficou mundialmente conhecido após a Angelina Jolie ali ter combatido uns mauzões em pleno complexo! 🙂

A viagem de avião de Ho Chi Minh para Siem Reap era aquele que me causava maior apreensão, já que só tinhamos destinado um dia para conhecer Angkor Wat, e cancelamentos de voos era o pão nosso de cada dia por aqueles lados. Felizmente e apesar do mau tempo que estava assolar o Saigão o avião tardou mas não falhou 😁

A viagem é bastante rápida, cerca de uma hora, mas o pior estava para vir.

Apanhámos uma seca brutal no aeroporto do Camboja para tratar do visto e na entrada do país, como nunca antes. Foi tão mas tão mau que praguejei que nunca mais voltaria ao Camboja .

Quando deveríamos chegar pela hora de jantar, chegámos ao hotel Les Bambous, e ao nosso quarto quase à meia noite, desta forma já não fomos ao centro da cidade.

O quarto era fantástico, digno de um 5*, no entanto o serviço digno de um 2* 😁

Jantámos a fruta da recepção de boas vindas e rapidamente nos metemos na cama, dali a poucas horas começaria um novo dia.

4 da matina o despertador tocou, o cansaço era muito mas só a ideia de ir realizar o sonho de conhecer Angkor Wat acordou-nos e animou-nos 🙂

Pegámos na recepção os saquinhos de pequeno almoço para mais tarde comer, e conforme combinado de véspera tínhamos alugado para o dia uma van com a/c ao invés de uma tour pelo complexo por tuc tuc.

Rapidamente dirigimo-nos à bilheteira, que apesar de ainda não serem 5h da manhã, já estava bem composto. Aqui, ao contrário do aeroporto, foram extremamente rápidos e eficientes.

Com o dia já a despontar fomos então para o viewpoint mais concorrido para daí vermos o nascer do sol, com vista sobre o templo Bakan, o templo principal de Angkor Wat.

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Por grande sorte nossa o São Pedro Cambojano estava do nosso lado e tivemos cerca de 2 horas ali a deleitar-nos com o nascer do sol e de vez em quando a beliscar-nos para confirmar que não estávamos a sonhar. Era verdade, estávamos ali mesmo e é realmente magnífico tal como nas centenas de fotos que tínhamos visto daquele cenário.

Por ali tomámos o nosso pequeno almoço, enquanto crianças nos pedinchavam o mesmo e nos partiam o coração. Ao contrário da Tailândia e do Vietname, nossos anteriores destinos, aqui vemos o trabalho infantil completamente visível. Lembrou-nos um pouco Chi Chen Itza, onde nos lugares mais turísticos do complexo tentam sempre vender qualquer coisa e desta forma sobreviver.

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Crê-se que com o declínio do império khmer, em finais do séc. XXI, o complexo ficou praticamente inabitado à excepção de monges budistas e a selva escondeu esta maravilha.

Em 1992 Angkor é declarado património da humanidade e desde então o restauro e preservação têm tido lugar. A esta data o número de visitantes anuais cifravam-se em cerca de 100mil pessoas em todo o Camboja. Hoje só em Angkor Wat entram mais de 2 milhões visitantes por ano. Absolutamente incrível!

Apesar da horde de turistas, o complexo é gigantesco, e à excepção dos pontos mais turísticos, com chineses à barda, facilmente conseguimos andar sozinhos a explorar esta obra de arte que os khmer nos deixaram.

Como destinámos um dia para conhecer o complexo, optámos pelo pequeno circuito com alguns templos do grand circle.

Obviamente que os templos mais famosos nos deixaram boquiabertos.

O templo Bayon com os seus cento e setenta e dois rostos de pedra é realmente impressionante ou o famoso templo de Ta Phrom, famoso pela rodagem do filme Tomb Raider, onde as raízes de árvore casam e se interlaçam com o templo de uma forma única.

No entanto foram aqueles pequenos templos, menos conhecidos e que explorámos sozinhos, qual Indiana Jones ou Tomb Raider, que nos deram mais gozo, como por exemplo o Ta Nei Temple do grande circuito, completamente no meio da selva. Ainda hoje o verde envolvente do templo difícil de esquecer.

Tentámos sempre negociar ao máximo mais alguns templos com o motorista, no entanto chegou a um ponto que ele se tornou inflexível e tendo em conta que ainda queríamos ir espreitar o templo Pre Rup do grande circuito, acabámos por ir a pé. Um templo muito bonito, com enormes elefantes e leões como característica. Um dos templos recomendados para ver o pôr do sol praticamente sem turistas. O problema foi que ao chegar lá os Deuses ficaram loucos e uma tempestade começou a desabar sobre Angkor Wat, a nossa sorte foi que já estávamos no final do dia e mesmo assim tínhamos tido muita sorte, tendo em conta a altura do ano em que estávamos. O calor e o sol tinham-nos sempre acompanhado até então, até de mais, provavelmente aqui em Anglor Wat encontrámos o calor mais infernal de toda a nossa viagem.

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Estavámos a espera de uma aberta para regressar, no entanto cada vez chovia mais e mais, decidimos avançar sem medos. Capas de chuva metidas, que mais pareciam uns sacos do lixo e metemo-nos a caminho, nunca vi chover tanto, no entanto era chuva tropical, ie, chuva quente e até foi engraçada esta experiencia  🙂 A força da natureza no seu esplendor !

Aqui vos deixamos o roteiro de templos do nosso dia por Ankor Wat:

Templo Bakan, Terraço do Rei Leproso, Terraço dos Elefantes, Phimeanakas, Baphuon, Bayon, Thommanon, Chau Say Tevoda, Ta Keo, Ta NEi, Ta Phrom, Banteay Kdei, Kravan Temple, Sras Srang e Pre Rup.

Para conhecer mais templos e para quem é fanático por história e arqueologia existem os passes de 3 ou 5 dias por exemplo. Para nós 1 dia satisfez-nos plenamente, ainda mais o dia começa de madrugada.

A nossa ideia era ainda visitar o Museu de Guerra, um capítulo recente e negro da história do Camboja perpetuado pelo Khmer Vermelho que resultou num genocídio que se estima que dizimou 25% da população, cerca de 2 milhões. No entanto já não conseguimos ter tempo e seguimos para o hotel, onde já há muito sonhávamos com um banho de imersão. Os ambientalistas que nos desculpem, estávamos exaustos. Aqui ficámos cerca de uma hora a recuperar energias antes do jantar.

O motorista foi nos buscar ao hotel e levou-nos até ao centro de Siem Reap, e aqui bem no centro a animação era a palavra de ordem. Recomendou-nos um restaurante mas nós reservámos outro que já tínhamos em vista, bem atrás do night market, no Christa Restaurant&Bar.

Foi quiçá a melhor refeição que comemos na nossa grande viagem destas 3 semanas, talvez a par com Hanoi. Mas aqui a relação qualidade, preço foi fantástica.

O espaço é despretensioso mas super agradável e acolhedor

Para entrada uns Spring rolls, que erão tao bons que mandámos vir mais uma dose. Seguiu-se uma Tom Yum de camarão com uma craft beer local e para mim amok fish apresentado em folha de banana, acompanhado com arroz com uma Camboja fresquinha.

Para encerrar culminámos com uns rolls fritos de banana e uma panqueca de banana.

Acertámos em cheio no restaurante, estava tudo divinal !

Para fazer a digestão fomos dar uma voltinha pelo mercado nocturno para comprar umas recordações e sentir o pulso do coração de Siem Reap.

Fizémos uma massagem numa rua movimentada da cidade, que nos soube pela vida, tendo em conta o dia intenso que tínhamos tido e terminámos a noite numa louca viagem de tuc tuc até ao hotel.

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Ao contrário do que tinha dito no aeroporto aqundo da chegada, haveremos certamente um dia de regressar a Siem Reap, ainda algumas coisas ficaram por fazer e outras para reviver.

Amanhã seria outro dia, outra viagem, outro país, outra cidade 🙂