Saímos de Lisboa numa manhã de Primavera rumo a Bruxelas que já sabíamos de antemão que estaria fresquinha, mais condizente com o mês de Dezembro, o mês de Natal, o que fazia todo o sentido.
Após um “pequeno” tempo de espera dentro do avião devido a uma greve dos controladores aéreos Franceses, lá descolámos com uma hora de atraso.
Aterrámos em Bruxelas e desde logo sentimos a diferença térmica da amena Lisboa mas estávamos preparados 🙂 Ao chegar ao aeroporto fomos recebidos pelo enorme foguetão do Tintim do livro Viagem à Lua e lá fomos nós apanhar o bus público que nos iria levar para o centro da cidade. Com a compra do bilhete do concerto dos K´s Choice, tínhamos também gratuitidade dos transportes públicos até às 2h da madrugada, uma agradável surpresa.
Saímos na paragem junto à Comissão Europeia, um edifício imponente e fomos a pé até ao nosso Hotel que se situava junto à movimentada e conhecidíssima zona comercial, Rue Neuve, repleta de lojas, luzes, pessoas, talvez comparada à nossa Rua Augusta mas ainda com mais gente e luminosa.
Era um quarto pequeno, bem simples, com uma cama e wc privativa mas limpo e arrumado, exactamente o que precisávamos para as poucas horas que iríamos lá estar.
Começámos logo em grande na Rue Neuve quando nos deparámos com os waffles da Vitalgauffre. Tinha lido boas críticas e não nos desapontou, eram realmente deliciosas. Tinham a singularidade, quando comparados com os outros waffles, de colocarem várias barras de chocolate Belga dentro da própria massa de gauffre quente, simplesmente perfeito.
Com a barriga mais composta, lá fomos nós à descoberta do Plaisirs d´Hiver, apesar do mercado ter como epicentro a Place de Saint Catherine, este espalhava-se por vários pontos da cidade com as suas barraquinhas típicas.
Na lindíssima Place de La Monnaie estava um enorme ringue de patinagem que não arriscámos experimentar, optámos antes por um chocolate quente da Leónidas numa barraquinha mesmo em frente, muito bom e uma óptima forma de enganar o tempo gélido. Continuámos o nosso passeio até à Igreja de Saint Catherine onde estava a começar o espectáculo de luzes, som e projecções sob a própria igreja. Adorámos, os efeitos, estes estavam simplesmente fantásticos, nunca tínhamos visto nada semelhante.
Após o terminus, caminhámos até à Place de Saint Catherine e ora aí estava o lindíssimo mercado de Natal no seu esplendor, largas dezenas de barraquinhas de souvenirs, comer e beber por toda a praça com a fantástica roda gigante ao fundo, um mundo à parte repleto de luzes, aromas, um verdadeiro cenário natalício como nos filmes 🙂
Circundámos toda a praça com a promessa de lá voltar no dia seguinte. O aroma a vinho quente com as suas especiarias impeliu-nos a provar , muito bom, apelidei de vinho doce e pensei que a nossa “vizinha” de viagem de avião para Bruxelas tinha razão e o vinho quente era realmente saboroso e óptimo para nos aquecer o corpo e a alma.
Aproximava-se a hora do concerto mas antes tínhamos programado ir jantar ao afamado restaurante Chez Leon onde iríamos degustar os típicos moulles frittes de Bruxelas, nada mais do que mexilhões cozidos com vinho branco (a nossa opção) com batatas fritas (saborosíssimas). Para entrada um tomate recheado com pequenos camarões acompanhado de uma blonde da casa. Ficámos no 1º ou 2º andar, numa sala super charmosa e acolhedora. Aprovado!
Fomos fazendo a digestão até à sala de espectáculos Ancienne Belgique, onde estava prestes a começar o concerto de uma das minhas bandas de sempre, os Belgas K´s Choice, que estavam a promover o seu mais recente álbum. Não me desiludiram e foi um grande concerto de Rock and Roll, um momento único que nunca pensei viver, ainda mais em Bruxelas. Quando quero recordar basta ir ver ao youtube, já que o concerto foi gravado em directo.
A noite ainda era uma criança e o próximo destino seria o Bar Le Poechenellekelder, nome que não me atrevo a pronunciar 🙂 Estava bem próximo do famoso monumento de Bruxelas, o Manneken Pis, onde um rapaz satisfaz as suas necessidades fisiológicas para uma fonte. Apesar de nessa noite estar despido, tem a característica de ter um guarda roupa a perder de vista, cerca de 1000 fatiotas! A lenda reza que simboliza a coragem dos Belgas, quando um filho de um duque foi urinar para uma árvore em plena batalha.
Após as fotos da praxe com o rapaz de bronze como pano de fundo, dirigimo-nos ao Bar de nome impronunciável, Um pub muito característico, com uma decoração muito sui generis e com uma extensa carta de cerveja.
O espaço estava lotado mas a muito custo lá encontrámos um cantinho para nós. A amplitude térmica lá para fora deveria ser uns 20 graus, ali sim estava muito agradável 🙂
Começámos com uma cerveja Kwak para mim, com o seu característico copo em formato de ampulheta, a forma como o empregado serviu a cerveja para o copo foi tão espectacular que toda a sala ficou especada a olhar, tive pena de não ter gravado mas não estava à espera 🙂
A história desta cerveja é muito curiosa e singular. No séc. XVIII era uma cerveja muito famosa entre os cocheiros, no entanto uma lei impedia-os de deixarem as suas carruagens e cavalos nas ruas para ir beber para os bares, daí ter sido criado um copo próprio que poderia ser acoplado a um suporte das carruagens, podendo fazer o refill do liquido precioso na porta dos bares, sem precisar de abandonar a carruagem. Até hoje a marca segue a tradição de servir a cerveja neste copo único que emite um som a beber que lembra Kwak 🙂
A Marta optou por outra Belga, Hoegaarden, mundialmente famosa, uma cerveja de trigo criada pelos monges do séc XIV, que tem a curiosidade de ser receitada pelos médicos para colmatar a falta de vitaminas! É uma cerveja de cor amarela clarinha, bem suave e com sabor cítrico e frutado a laranja.
Entretanto mudámos de poiso para um sítio mais confortável, próximo do Pai Natal e enquanto lhe pedíamos umas prendinhas, pedimos uma sugestão para uma cerveja ao empregado e a escolhida foi a Kanunnik, uma blonde frutada, sempre acompanhada com uns saborosos snacks.
Adorámos tudo neste Bar, a tranquilidade, a decoração, a atmosfera, a simpatia dos barmen e as cervejas claro 🙂
Estava na hora de partir e o próximo destino seria o Bar Delirium Café. Passámos novamente pelo pequeno Manneken Pis, desta vez completamente sozinho, sem qualquer turista. Seguimos para a Grand Place, a praça central de Bruxelas onde uma grandiosa árvore de Natal nos recebia.
Anualmente pela altura do Verão uma gigantesca carpete de flores é colocada na praça, atraindo milhares de turistas.
Chegámos ao Delirium Café e parecia que estávamos no Bairro Alto com muita gente na rua de copo na mão. Entrámos e fiquei estupefacto com a quantidade de bocas de cerveja à pressão que existiam. O espaço estava completamente lotado e tentámos a nossa sorte na cave, uma espaço giríssimo onde o tecto estava todo decorado com caricas gigantes de cervejas de todo o mundo.
O Delirium Café é SÓ o bar com a maior carta de cervejas do mundo, está no Guiness Book e tem mais de três mil cervejas à escolha, não seria, portanto, fácil.
Decidi experimentar a Belga – La Corne – uma blonde leve e aromática de 10º, mas tal como a kwak, foi servido num copo peculiar, o que fez as delícias dos nosso vizinhos. Era servida num copo em forma de corno com uma bonita base de madeira. Pediram-me de caução 25€ que é precisamente o custo do copo. Com medo de o partir bebi a La Corne num ápice 🙂 A Marta optou por uma Delirium Red, muito leve com sabor de frambroesa, 5*.
Relativamente ao espaço, completamente lotado (como referi anteriormente), com muitos jovens, muito barulho e nós sem lugares sentado, decidimos dar por encerrada uma longa e divertida noite.
A caminho de casa ainda passámos por uma loja que vendia as famosas frites Belgas, algo que encontrávamos em cada esquina. São vendidas em cones de papel com dezenas de molhos diferentes e parece que o seu segredo, além do tipo de batata e do corte, reside no facto de terem duas frituras que as tornam tão crocantes.
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