5º Dia

Infelizmente tínhamos chegado ao último dia e passou tudo tão rápido que não demos pelos dias a passar.

Madrugámos com a esperança que hoje o nevoeiro desse tréguas e que à terceira tentativa fosse de vez e foi mesmo 🙂

Seguimos, inicialmente, para o miradouro da Vista do Rei, o mais conhecido e popular sobre a lagoa das Sete Cidades onde, apesar de algumas nuvens, não havia sinal do famigerado nevoeiro e onde conseguimos uma vista fantástica sobre a lagoa azul e verde.🙂IMG_0767

Reza a lenda que há muito muito tempo, no lugar onde fica hoje a lagoa das Sete Cidades, uma bondosa princesa de olhos azuis e um simpático pastor de olhos verdes se conheceram e apaixonaram. O correio da manhã da altura fez chegar aos ouvidos do rei destes furtivos encontros e, como é óbvio, não lhe agradou este amor entre uma princesa e um plebeu e proibiu a filha de voltar a ver o pastor. No entanto, cedeu ao último pedido da princesa, ver pela última vez o pastor. Passaram o tempo a falar sobre o seu eterno amor e sobre a separação que lhes era imposta. À medida que conversavam, choravam também e choravam tanto que as lágrimas dos olhos azuis da princesa correram pelo vale e formaram a lagoa azul; já as lágrimas dos olhos verdes do pastor caíram com tanta intensidade que formaram a lagoa verde. Formaram-se, assim, as duas lagoas que ficaram para sempre juntas, não se podiam unir mas também nunca se iriam separar.

Lenda ou não, a verdade é que é, sem dúvida, um lugar mágico que quando o sol descobre acentua as tonalidades verde e azul da lagoa.

Mesmo ao lado do miradouro existe outro facto curioso: um hotel abandonado, que tinha como vista aquela paisagem sublime. O Monte Palace, um luxuoso hotel de cinco estrelas, que fechou e declarou falência em apenas  19 meses.

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Seguimos, então, para o lugar mais fantástico do mundo, o miradouro da Boca do Inferno. Estacionámos o carro na Lagoa do Canário e seguimos um trilho curto e fácil rumo ao miradouro.

Se o paraíso existe, este local seria, provavelmente, o spot perfeito. É indescritível toda a beleza e serenidade deste local. Estávamos completamente sozinhos e a ausência do nevoeiro permitia-nos contemplar a paisagem pintada com as diversas lagoas. Despedimo-nos deste cantinho especial, sentido que tínhamos acabado de viver um momento único  🙂

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DSCF0714Continuámos para a Lagoa das Empadadas e Lagoa Rasa, que também tínhamos tentado ver sem sucesso logo no primeiro dia de chegada à ilha. Regressámos novamente ao ponto de partida, o miradouro da Vista do Rei, que por esta hora já estava tudo menos deserto, como há uma ou duas horas antes.

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Despedimo-nos da princesa e do pastor das Sete Cidades e rumámos a uma plantação de ananases, optámos pela A. Arruda. Com mais de cem anos e com entrada gratuita, visitámos as suas estufas de ananases nos seus mais diversos estágios de crescimento. Em média o ciclo completo da cultura do ananás de São Miguel dura 18 meses e são , quiçá, os melhores do mundo  🙂

Em anexo existe uma loja onde o ananás é Rei, mas os preços são mais para a carteira dos camones.

IMG_0953Seguimos, então, para Vila Franca do Campo, para irmos buscar à fabrica umas caixinhas das fresquíssimas e deliciosas queijadas da Vila para levar para o Continente.

IMG_0964A fome já apertava e seguimos para Lagoa, uma vila piscatória, para almoçarmos na Cervejaria Melo e Abreu. Quem dava nome à cervejaria era a fábrica que produz entre outras a Especial e a Kima.

Ficámos na parte da esplanada do restaurante, com uma vista fantástica sobre o mar. Abrimos as hostes com umas deliciosas lapas, nunca tínhamos provado e adorámos. Para prato principal optámos por um arroz de tamboril, que também estava excelente, acompanhado como não podia deixar de ser da fresquíssima Especial.

Fechámos a nossa última refeição em São Miguel, com chave de ouro 🙂

A hora de partida estava a aproximar-se vertiginosamente, mas ainda antes de seguirmos rumo ao aeroporto, ainda fomos visitar a Cerâmica Vieira, na Lagoa, que foi fundada em 1862. Na fábrica podemos acompanhar as diferentes fases do processo de confecção das louças e azulejo.

Chegados ao aeroporto íamos tendo uma despedida amarga da ilha. Ao deixarmos o carro verificaram que a parte da frente do carro  estava riscada e teríamos que deixar parte da caução para o seu arranjo. Já estava eu a dissertar um belo poema no livro de reclamações, munido das fotos que no primeiro dia premonitoriamente tinha tirado, quando afinal tinha havido um equívoco. Parece que as mossas foram feitas pelo dono anterior do carro não tinham sido correctamente assinaladas e que assim não seriamos responsabilizados por nada. Não sei, mas algo me diz que muitas pessoas pagaram aquela mesma parte do carro, é um feeling que eu tenho…para descontrair um pouco depois deste stressante episódio, enquanto esperávamos pelo avião, fomos provando os diversos licores da Mulher do Capote made in São Miguel e após algumas provas e muita indecisão a escolha recaiu sobre o licor de arroz doce, uma delícia 🙂

Foram cinco dias realmente inesquecíveis que passámos neste local único do mundo, de uma beleza inimaginável e como é óbvio esperamos um dia regressar.

No dia seguinte pelas 6h da manhã já estaríamos novamente no aeroporto de Lisboa, para uma nova viagem, uma nova aventura, que brevemente iremos relatar 🙂

Até sempre São Miguel !

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